Definição de PAI, segundo o Aurélio: pai (do latim, ‘patre’) é aquele que tem um ou mais filhos; é o gerador; genitor; progenitor.
Eu sempre imaginei que ser pai é muito mais do que uma simples definição de dicionário. Desde o tempo em que eu era só o “Filho de Rodinhas”, sem preocupações e responsabilidades, eu já desconfiava que esse “lance” era muito mais complexo e intenso!
É… eu tinha razão!
Hoje posso afirmar que ser pai é muito “Soda”, no melhor sabor da expressão! Ah! Mas ser pai também é “Fanta”, uma experiência fantástica!
Na verdade, por um bom tempo, ser pai também significa ser cavalinho e às vezes cachorro, além de escada, sofá, mesa e outros animais e móveis que o filho ou a filha resolve ter. Quando o homem decide ser pai, ele decide igualmente ser, por muitos anos, cuidador, professor, segurança, palhaço, farmacêutico e tantas outras profissões e especializações.
É por isso – e por outras coisas que não cabem nesse texto – que a paternidade é uma vivência espetacular, completa e única!
E nós (eu e minha esposa Elis) escolhemos fazer esta viagem porque acreditamos que a paternidade – assim como a maternidade – é uma bênção divina, que nos proporciona grandes oportunidades de aprendizagem e amadurecimento.
Afinal, por que não ser pai e mãe quando ambos estão dispostos a educar, cuidar e amar um novo serzinho? Por que não ter filhos, quando estamos diante da chance, talvez a mais importante, de nos doarmos? Além disso, esta escolha pode ser uma oportunidade de deixarmos pessoas melhores para nosso planeta! Pelo menos, eu e minha esposa nos esforçamos para transmitir, a ela, nossa melhor parte.
Penso que, sozinhos, o casal corre o risco de permitir que seu amor se transforme em um egoísmo a dois, se fechando em uma felicidade egocêntrica.
Mas essas questões são muito particulares!
Muitas pessoas acham extraordinário e fantástico o fato de eu ser um “Pai de Rodinhas”, quando, na verdade, nós encaramos e administramos isso com naturalidade. Acredito que ser um pai cadeirante (com um quadro congênito de tetraplegia, devido a Atrofia Muscular Espinhal Progressiva Tipo II) não classifica nossa história como especial, e sim como diferente. E este diferencial está baseado apenas em uma palavra: ADAPTAÇÃO.
Mas eu não quero falar sobre isso agora… talvez no próximo post, porque sinto, neste momento, a necessidade de explicitar o que significa ter uma criança em casa.
Ter uma criança em casa significa, entre tantas coisas, morar em um reino de fantasia e num mundo de faz de conta, rir à toa inocentemente e brincar, sempre, até com coisa séria. Sem falar da constante alegria, diversão, bagunça e gritaria.
Significa que, por alguns anos, você não terá mais uma casa organizada com horários regrados e passeios programados.
Ter criança em casa é ter os quartos bagunçados na maior parte do tempo. É ter um parquinho dentro do banheiro, com brinquedos de banho e um banquinho para alcançar a pia. É ver os farelos do pão do café da manhã espalhados pelo chão, sofá, cama e mais brinquedos espalhados por todo canto.
É encontrar o inesperado, como o controle da TV na geladeira ou uma escova de dente no forno do fogão. Ou ainda achar o travesseiro do papai na garagem e a bolsa da mamãe revirada no meio da cama.
Ter criança em casa é ver as paredes recém pintadas cheias de desenhos e rabiscos. É ver aquela peça decorativa, valiosa e intocável até então, totalmente despedaçada no meio da sala, porque você esqueceu que seu bebê está crescendo e já fica em pé.
Há nove anos estamos totalmente imersos neste universo infantil. Desde o nascimento de Lavínia, enxergamos o mundo mais colorido e divertido. Eu, por exemplo, ouvi mais Patati Patatá do que Pink Floyd, cantei dezenas de vezes o refrão “Livre estooou, livre estoooooou, não posso mais segurar” e sei tudo sobre a vida de Peppa Pig.
Hoje, os impasses familiares são resolvidos de forma democrática, ingênua e divertida, na base do “jokenpô”, ou “pedra, papel, tesoura”.
Enfim, ter criança em casa é sentir a vida e o amor pulsando, todos os dias!
E quando esta criança é do sexo feminino? Aí todas as emoções são em dobro! Em dobro não… Em triplo!
Agora eu entendo a diferença entre vestir um menino e vestir uma menina, inclusive financeiramente falando. Vestir um “moleque” é muito mais fácil e mais barato, principalmente no verão. É só colocar uma camiseta, bermuda e chinelo e ele já está pronto para quase qualquer tipo de evento. O número de acessórios, penduricalhos e afins que compõem o visual de uma mulher é infinitamente superior, comparado aos homens. As gavetas de casa, por exemplo, estão entupidas de lacinhos e presilhas, sem falar dos brincos e da coleção de arquinhos de cabelo. Tem de unicórnio, de gatinho, da Minnie, de flores, de pérolas (falsas, claro), de tecido, de plástico, dourado, prateado, preto, rosa e mais muitos etc.
Confesso: Eu adoro este universo feminino em miniatura!