A seguir, algumas considerações elaboradas a partir de outros ângulos e aspectos da paternidade e da maternidade, saindo um pouco das ‘graciosidades’ que esta experiência nos proporciona.
As histórias e vivências a respeito da maior aventura da minha vida (relatadas em minhas redes sociais, no livro e também no site ‘Pai de Rodinhas’), demonstram quase sempre muita alegria, divertimento e descontração. Isso pode aparentar uma falsa realidade, tendo em vista que nossa rotina não se constitui apenas de brincadeiras e diversão. Portanto, quero evidenciar hoje a dimensão de nossa responsabilidade como papai e mamãe da Lavínia, bem como as diversas dificuldades inerentes à sua criação e educação.
Evidentemente que somos uma família como qualquer outra, portanto, vivemos igualmente com a nossa filha situações que nos desafiam e nos levam até as fronteiras da paciência e da insegurança. Será que o que estamos fazendo é o melhor para ela? Será que esta nossa atitude é a mais correta? Em tantos outros questionamentos…
E não é só isso! Tem ainda as angústias, as preocupações e os sofrimentos antecipados! Por exemplo, quando ela tem febre, tosse ou cai da bicicleta e se machuca. E se sair sangue então, é uma tragédia! Nosso coração se contorce de tanta aflição. Sem falar do medo do futuro!! É melhor nem imaginar como e onde ela estará daqui a 10 anos!!
Ser pai e ser mãe de uma criança de 9 anos não significa somente brincar, desenhar, pintar, modelar, cantar e dançar. Significa sobretudo praticar o amor! E praticar o amor corresponde a exercitar a capacidade de compreensão. Desenvolver o discernimento para impor limites, dizendo ‘sim’ e ‘não’ nos momentos adequados, é um dos principais requisitos para o exercício deste maravilhoso e tão desafiador papel.
Definitivamente, ser pai e ser mãe não é fácil, mas contraditoriamente também não é difícil. É complexo! Às vezes, são os pais que complicam, polemizando ou enfatizando determinadas questões, fazendo autocobranças rígidas ou ainda colocando uma carga emocional desnecessária e desproporcional na hora de lidar com certos assuntos. Situações que poderiam ser tratadas com naturalidade se tornam difíceis e exageradas. OK, é compreensível, pois quando a “coisa” envolve nossos filhos, somos mais emoção do que razão e nos comportamos instintivamente como leões e leoas, principalmente em circunstancias de defesa e proteção. Devemos lembrar frequentemente que não existe educação perfeita, nem escola perfeita, nem família perfeita, simplesmente porque não existe ser humano perfeito.
Ter filhos é uma escolha que deve ser feita com lucidez e muita cautela, uma vez que a vida nunca mais será a mesma, especialmente os valores e as prioridades. E quem faz esta opção está juntamente optando por diversos outros encargos e várias especializações profissionais, pois, inevitavelmente, os futuros genitores também atuarão como nutricionistas, psicólogos, pediatras, pedagogos, recreadores, administradores e, acima de tudo, educadores. Porém, nada será do jeito que foi pensado e planejado. Não adianta tentar pressentir os acontecimentos e as emoções que serão vividas, nem calcular antecipadamente o tamanho do custo financeiro, nem prever o comportamento dos pequenos e muito menos as nossas reações diante de uma birra ou de qualquer outra situação própria da infância. Tudo será completamente diferente do que foi achado. Enfim, não existe curso preparatório, talvez o que mais se aproxima são os conselhos “proféticos” da vovó.
Mas é exatamente isso! É a imprevisibilidade que faz da paternidade e da maternidade uma experiência única e o maior aprendizado humano!